A BURGUESIA BRASILEIRA TEM GENEROSIDADE?
O cantor e compositor Crioulo
notou que a cidade mais rica da América Latina e Caribe "não tem amor (em
SP)", não tem generosidade, não tem caridade. Zygmunt Bauman ("A
riqueza de poucos beneficia a todos?") explicou que a riqueza é
parasitária. Ela não tem estímulos em partilhar o que ganhou. Ela tem
pretensões de crescer cada vez mais e promover novos alvos/vítimas de sua
predação.
Jean Jaques Rousseau tratou
sobre a propriedade privada e chegou as seguintes conclusões: Todo bem
particular precisa promover benefício a sociedade seja por meio de impostos ou
por sua própria existência e modo de ser. Dessa maneira, os impostos são formas
do Estado equalizar estes benefícios a sociedade. Porém, quando a propriedade
particular não promove benefícios a sociedade, para Rousseau, ela deve sofrer
multas ou impostos mais caros.
Peter Sloterdijk advogou
pelo "posto", ou seja, que os donos das propriedades privadas
pudessem investir na sociedade de forma espontânea e generosa. O Ministro
Gilmar Mendes foi suscitado pelo PSOL (Partido Social e Liberdade) para que o
Poder Legislativo examine o "imposto sobre as grandes fortunas e
heranças". Sabe-se que a generosidade da burguesia brasileira não pode ter
este nome, mas ela faz negócio com suas doações.
Nas instituições
filantrópicas, a burguesia só faz doação em dinheiro e bens a sociedade se ela
precisar reconstruir o "nome" das lideranças do proprietário de bens
particulares ou ganhar um bem muito maior que aquela doação. Dessa maneira,
"não há amor em SP" e nem generosidade na burguesia brasileira. A
Luíza, proprietária da Magazine Luíza, é favorável ao "posto", ou
seja, ela defende que a generosidade da burguesia pode fazer melhor que o
Estado com os impostos.
Eu acredito que a Luíza está
"advogando em causa própria" e/ou não tem conhecimento da sede por
dinheiro e poder da burguesia brasileira. O dinheiro faz a burguesia comprar
todos os poderes do Estado e até as pessoas particulares. Acreditar na
generosidade da burguesia brasileira é acreditar que o algoz não exercerá sua
função e muito menos que ele se fartará com aquilo que ele já acumulou com a
exploração, os salários miseráveis, a violência, a desumanização de seus
trabalhadores.
Essa conclusão é aquela
história do sapo que salvou o escorpião em um afogamento. O escorpião tinha a
sina de picar/ferrar as suas vítimas, ele não deixou a sua essência e com
gratidão ao sapo, ele matou o sapo a ferrada. Essa é a atitude da burguesia com
os empobrecidos e sua espera por reconhecimento ou generosidade, amor,
gratidão.
SÉRGIO DE SOUZA NERES
sergiocssn@yahoo.com.br
CV: http://lattes.cnpq.br/2903651184076330
GOIÂNIA - GOIÁS
02/08/2021
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