A ALEGRIA DO OUTRO É A NOSSA REALIZAÇÃO?

A criança se alegra, quando os pais compram ou adquirem um produto ou conquistam determinados benefícios. Esta atitude é proveniente do próprio benefício da criança ao compartilhar com a família do produto ou benefício de maneira efetiva ou apenas emocional.

Esta maneira de nos alegrarmos com a conquista do outro advém de uma cosmovisão religiosa, social e antropológica. Os bilionários estadunidenses usam o dinheiro da precarização dos direitos e até do bem-estar social dos trabalhadores para comprá-los. Zygmunt Bauman dizia que o indivíduo tem necessidade de "pertencer" a uma tribo. Esta necessidade emocional, antropológica e social torna o indivíduo vulnerável e submisso àqueles que fornecem os produtos e benefícios cheios de glamourizações.

Eduardo Galeano (As veias abertas da América Latina) notou que a alegria do indivíduo com as conquistas do outro e este outro não é igual social e economicamente a você, é uma forma de masoquismo, ou seja, é se alegrar com a própria desgraça.

Ele insinuou esta conclusão, porque a alegria da elite é a desgraça do trabalhador. Desta maneira, se pergunta: quando os empobrecidos e trabalhadores vão iniciar a luta por dignidade, salários justos, bem-estar social, emprego? A resposta desta inquirição se dá com a consciência da origem e do método da riqueza da elite econômica.

A África é um continente majoritariamente empobrecido justamente, porque a elite europeia e estadunidense, com o apoio da elite africana tirou toda a riqueza daquele continente e levou para seus respectivos países. Os países latinos americanos, como denunciou Eduardo Galeano, são profundamente espoliados pelos países ricos. O garimpo da Serra Pelada era cheio de trabalhadores e de lideranças econômicas.

As mortes de trabalhadores por insegurança no trabalho, nas doenças, na violência e nos roubos vieram como consequência para os empobrecidos. Estas mesmas consequências trouxeram para a elite econômica muita riqueza. O mesmo fato se repetiu no cacau de Ilhéus, na borracha de Manaus, na cana de açúcar em São Paulo e Nordeste, no ouro e preta de Ouro Preto etc. Desta maneira, a alegria da elite econômica sempre é a desgraça e a miséria do empobrecido.

 

O país precisa ter uma variedade de produção alimentícia e demais produtos e serviços para que não volte a trocar ouro e prata por espelhos, como fizeram os nossos indígenas a mais de 5oo anos. Eu não estou dizendo para não se alegrar com o êxito, sucesso e conquistas do outro. A minha proposta é instigar as pessoas a descobrirem a origem não só das conquistas alheias, mas principalmente do que nós investimentos. Porque nós podemos está investindo em produtos e serviços cruéis a outras pessoas. Quando um produto agrega cuidado ao meio ambiente, solidariedade social e até compromisso com as políticas sociais, eles devem ser valorizados e até serem motivos de alegria e glamour. Porém, quando o produto não agrega valores sociais e de cidadania, eles devem ser rechaçados por todos.

SÉRGIO DE SOUZA NERES

GOIÂNIA - GOIÁS

12/03/2021

 

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